quarta-feira, 30 de maio de 2012

III Triatlo Longo de Aveiro

Apenas três semanas após o Longo de Lisboa, chegava a altura de repetir a distância. Foram três semanas de manutenção, com os primeiros dias de recuperação, algum volume pelo meio e novos dias de descanso pré-prova. O objetivo seria melhorar em todos os sectores, arriscando um pouco mais em cada um deles. Não seria fácil no ciclismo, já que teria de percorrer mais 3,5km (90km em Aveiro e 86,5 em Lisboa), o que a média de 30km/h dá 7 minutos.

Natação
O objetivo era baixar bastante o tempo de Lisboa. Os 38 minutos souberam a pouco e podia ter arriscado bem mais. Voltei a usar a técnica de pôr o relógio a vibrar a cada 9 minutos e, desse modo, tentar sair da água aos 36 minutos, o que seria excelente.
 No entanto, o início começou com bastante confusão, já que a partida era bastante estreita para os bem mais de 200 nadadores que tinham-se enfiado naquela água de 19ºC às 8 da manhã. Tive que lutar muito para manter um ritmo contínuo até à primeira viragem. Depois, nova curva de regresso e um pouco mais espaço. Nessa altura toca o alarme dos 9 minutos e já tinha passado meia volta, por isso tudo controlado. Consegui manter bem a técnica procurando puxar bem a água para trás e enviando o corpo para a frente, e os 18 minutos passaram já uns bons metros após o final da primeira volta. Os únicos problemas foram de orientação, via mal as boias e volta e meia quando me entusiasmava nas braçadas acordava já longe do percurso ideal. A vibração aos 27 minutos já foi bem além do meio da segunda volta e naquela altura sabia que se nada de especial me acontecesse teria um tempo muito bom. Por acaso aconteceu algo de especial, a touca saiu-me da cabeça, ainda a agarrei e fiz os últimos metros com ela na mão. Nada que me prejudicasse por aí além.
Só coloquei a mão no relógio quando ia a meio do percurso a pé até ao parque de transição, por isso não sei bem o tempo que fiz. Sei que foi inferior aos 35:32 cronometrados pela federação já fora de água e aos 35:57 marcados no Garmin. Curiosamente, aumentei 1 braçada por minuto de média em relação a Lisboa, mas os ganhos foram maiores, já que tirei 2:30 ao tempo do Parque das Nações. O tempo foi o 134º em 214 nadadores, algo inédito até hoje. Fiz inclusive uma melhor média aos 100m (1:52) do que em Alpiarça (e todos os outros triatlos em que participei, à excepção de Quarteira), onde nadava menos de metade da distância.


1ª Transição
Também aqui ganhei tempo. Após os 3:35 em Lisboa, quis acelerar mais, fazendo uma transição digna de um triatlo sprint. Desta vez 2:34 oficiais e 2:20 no Garmin. 

Ciclismo
Uma vez mais, sem nenhuma cabra de contra-relógio, nem sequer uns extensorzinhos ou um capacete aerodinâmico para ajudar. Foi outra vez à curioso e, como é óbvio, andei  algum tempo a vê-los passar. Gosto da ideia de ser proibido andar na roda e pude manter sempre o meu ritmo, constante, sem me importar por terceiros. Na realidade mantive várias companhias mas que funcionavam como iô-iô. Iam para a frente, ficavam para trás e por aí adiante. Só no final arranjei um companheiro certinho com quem andei sempre a cumprir as regras.
Desta vez fui vendo alguns comboios, o mais impressionante foi o TGV Salamanca - Aveiro (Não sabia que já existia) que passou por mim a grande velocidade. Resisti sempre à tentação das rodas embora tenha sido um pouco prejudicado.
Eu achava que ia mais ou menos constante em cada sentido,  com quebras sempre que fazia o percurso Norte-Sul por causa do vento. Tentei sempre manter as pulsações entre 150bpm e 160bpm e controlava as velocidades médias a cada 5km. O resultado foi bastante aceitável para as minhas expectativas. Em apenas 5 dos 18 troços andei acima dos 10 minutos, ou seja, abaixo dos 30 km/h (todos eles contra o vento) e a média final ficou obviamente acima (30,6 km/h). Quanto à nutrição, em equipa que ganha não se mexe e voltei a optar pelas três saquetas de gel distribuídas pelo percurso.
Embora tenha feito um tempo ligeiramente superior ao de Lisboa, ou seja, 2:56:18 contra 2:55:52, o facto de ser um percurso com mais 3,5 km faz com que a média tenha sido superior, mas também num percurso mais fácil. Uma coisa era certa, ia para esta transição mais cedo e mais fresco do que em Lisboa. O lugar não foi nada de especial, 181º em 214.



2ª Transição
Desta vez acabei por optar por uma barra e por beber bastante, tendo demorado 2:05, cerca de 50 segundos abaixo do que fiz em Lisboa. Optei por comer uma barra e pegar num gel para a meia-maratona

Corrida



Foto gentilmente roubada ao Desafios do Hugo

Quando saí do parque da transição olhei para a meta e vi 3h36m, ou seja, se fizesse uma corrida igual à de Lisboa faria um tempo na casa das 5h30m batendo o meu recorde. Era para isso que ali estava, e se possível para baixar essa fasquia e ficar com um tempo Like a Boss.
Pois bem, estava cheio de força e mesmo olhando para o relógio e vendo as pulsações lá em cima, estava confortável, e  deixei-me ir.
Quando passa o 1º km e vejo 4:41. Uau, estou fortíssimo!
Passa o 2ºkm 4:44. Sou mesmo forte, mas é melhor acalmar um bocado.
3º km: 5:03. É melhor acelerar.
4º km: 4:59. Já está melhor, mas sinto algum cansaço.
5º km: 5:05. É pá, isto não era um triatlo sprint?
6º km: 5:09. Ainda faltam 15??
7º,8º e 9º km: 5:23 a 5:25 Já passou um terço, se mantiver a média até aqui vou bem.
10º km: 5:29. Já só falta metade, ou melhor, ainda falta metade.
11º km: 5:35. Ui, que isto está mau.
12º km: 5:49. Ai que isto vai ser um martírio.
13º km: 5:51. Ainda faltam oito? Já fui
14º km: 5:51. Isto é que vai ser sofrimento.
15º km: 5:45. Olha o Rui Pena, vou andar um bocado mais depressa para o apanhar.
16º km: 5:54. Agora o que faço? Já não há referências.
17º km: 5:45. Uma volta ainda? Que martírio.
18º km: 5:55. Não consigo pensar
19º km: 5:57. Brrrrrr.
20º km: 6:32. Começo a andar a pé até o Rui Pena me acordar.
21º km: 6:13. Sou um zombie que vai chegar à meta.


E foi esta a história, armei-me em fino e passei metade da corrida a sofrer e com tempos miseráveis. Acabei por fazer mais três minutos que em Lisboa e por deitar por terra todas as possibilidades de bater o recorde. 1:57:44, o que constitui o pior parcial (188º). Se tivesse cabeça, as coisas teriam corrido muito bem, assim aprendi.


Conclusão
A minha intenção foi sempre de  melhorar Lisboa, mas acabei por ser traído pela minha impetuosidade no início da corrida. Quando acabei a natação e a bicicleta sentia-me ainda mais fresco que em Lisboa, mas o excesso de ganância resultou numa segunda parte da meia-maratona muito má.
Acabei em 183º em 233 com o tempo global 5:34:14. Eu sei que foram apenas mais 1:50 do que tinha feito em Lisboa três semanas antes. Também sei que o percurso de ciclismo tinha mais 3,5km que se percorrem em bem mais do que 1:50. Mas soube a pouco. Soube a pouco porque sofri bastante mais na corrida e sobretudo porque não bati o tempo anterior quando tinha todas as hipóteses de o fazer.
Continuo  gostar imenso dos triatlos longos e também adorei esta prova. Um lugar óptimo para triatlos, com um percurso de ciclismo estrondoso (onde adoro treinar também) mas com uma corrida algo desmoralizante já que não há ninguém no quartel e 5 voltas parece-me demasiado. Mesmo assim, embora menos entusiasmante que o de Lisboa, este triatlo tem um preço excelente para o nível de organização que tem. Esperemos que não desapareça do calendário, se tudo correr bem para o ano estou cá batidinho.
Os triatlos longos interessam-me porque puxam pela cabeça. É preciso ser inteligente e conhecer o corpo. Ter capacidade de decisão suficiente para saber quando comer e quando acelerar ou diminuir a velocidade. Foi um erro de apreciação no início que deitou por terra um novo recorde. Mas novos triatlos virão.
Agora os objectivos estão colocados nos Olímpicos de Lisboa e Aveiro. Depois de uma primeira fase da época em que me preocupei com a resistência está na altura de melhorar na velocidade. Já há muito tempo que não dou um salto na corrida.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Lisboa International Triathlon (5ª Parte)

Conclusão


 

Para uma estreia foi muito bom. Não atingi o Objetivo Like a Boss, mas o Extraordinário ficou muito bem. Ao todo 5:33:24 correspondentes ao 244º lugar entre 378 que partiram para a prova. No meu escalão, 30-34, fiquei em 56º em 75 à chegada.
Diverti-me imenso, foi a seguir a Pontevedra o triatlo onde me diverti mais. Neste caso a distância ajudou bastante. Ao contrário dos Sprints e dos Olímpicos, aqui tem que se usar mais a cabeça, pensar quando comer, quando beber e que ritmo imprimir. E o sofrimento acaba por não ser tanto.
Gostei muito dos 90km de ciclismo, mesmo sendo o meu pior sector, gerir o ímpeto, escolher a toma do gel, e tentar subir controladamente.
Uma prova e uma distância a repetir.

Após a competição
Fiquei cansado, claro. Mas não estava extenuado como na Maratona. Não sofri, apenas me doíam as pernas. Fui às massagens, que ajudaram só que estas ficaram incompletas (apenas fiquei de barriga para baixo), por isso enquanto os gémeos e as costas ficaram ótimos, os quadríceps continuaram em mau estado. Depois, nada melhor que uma francesinha, apesar de estar em Lisboa. Um triatleta também tem direito às suas asneiras. E pronto, dois dias depois já estava a nadar novamente, embora em ritmo de recuperação.

A Prova


Como é habitual nas provas da FTP, a organização era top e acredito não ser nada fácil cortar uma via com perfil de auto-estrada durante tanto tempo. Estava tudo ainda melhor do que nas provas comuns, mais voluntários (embora alguns fossem mais voluntariosos a colecionar bebidas energéticas), mais massagistas, melhores abastecimentos, muita comida, locais para descansar no final e sempre um atendimento muito humano de quem sabe o que o triatleta precisa.
Sinto é que o percurso de corrida podia ser melhor, tanto ao nível da proteção de corredores como do próprio piso por onde se passa. Por exemplo, o passadiço junto ao oceanário não tinha o trânsito pedonal cortado e por vezes surgiam encontros de primeiro grau com crianças de bicicleta ou cãezinhos. Também fiquei com a sensação que era possível cortar caminho sem que ninguém se apercebesse, muito embora não tivesse visto ninguém com essa intenção nem ninguém a andar na roda no ciclismo (O Fair Play desta vez imperou). Também chamo à atenção o facto de estar inicialmente previsto fazer o check in nos dias anteriores (era suposto a transição ser na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, mas tal não foi possível, o que motivou algumas alterações na minha logística. Paciência!
São apenas dois apontamentos, na verdade fiquei com imensa vontade de voltar a este triatlo no próximo ano, esperando que esteja novamente integrado no calendário nacional e com o apoio na inscrição que existia anteriormente.
Foi muito bom conviver com atletas estrangeiros e só tenho pena de não ter visto muitos colegas que vou encontrando durante as provas nacionais.


Agradecimentos



Eu sei que isto não foi nenhum feito, apenas uma prova, mas tendo atingido um objetivo importante desta época com sucesso, não queria deixar de agradecer a quem me deu força para estas mais de cinco horas e meia de prova.
O Clube Fluvial Vilacondense, o meu clube, que me proporciona excelentes condições de treino e de participação nas provas (incluindo na inscrição neste triatlo). Incluo também os meus colegas de equipa, sobretudo o João Lima, que me foram ajudando bastante antes e durante a prova.

À FTP e organização desta prova, por conseguirem manter um triatlo de topo no nosso país.

O pessoal da FADEUP, treinadores e atletas, onde treinei durante quase dois anos e que permitiram um crescimento sustentado enquanto triatleta.
O Adriano Niz, que pemitiu que desse um grande salto este ano em termos de natação e que por certo terá seguimento nos próximos tempos.
Todos os amigos, que nem consigo enumerar que me deram força nas vésperas desta prova através de mails, SMS, mensagens no facebook, telefonemas e tudo mais.
Aos colegas em prova, que me foram dando dicas sobre como abordar o percurso.
Ao Filipe Varandas, que me ajudou imenso na corrida e que me aturou durante 3 voltas.
Ao Jorge Carneiro, com quem mantive uma competição salutar até esta prova e que me obriga a melhorar tal como eu o obrigo. Desta vez ganhei eu pá!
Ao Gil, que quase acordou às seis da manhã para me ir ver!
Last, but not the least, Leonor que acordou às 7 para me ir ver à natação (era dos poucos malucos que estavam ali aquela hora) e que durante 5:33:24 esteve sempre presente a dar-me força. Está cada vez melhor fotógrafa, como se pode ver.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Lisboa International Triathlon (4ª Parte)

Corrida









Quando olhei pela primeira vez para o monitor de frequência cardíaca assustei-me um pouco, pois já andava perto dos 170bpm. Nessa altura, apesar de me sentir bem, procurei baixar um pouco o ritmo, mas mesmo assim mantinha-me acima dos 160. Mas, apesar de tudo estava confortável e via-me a aguentar assim o resto da prova, por isso não valia a pena reduzir anda mais.  E o primeiro quilómetro foi logo surpreendente, 5:07, claramente acima das expectativas.
Melhor que isso só ter uma boa companhia e ela surgiu logo a seguir, o Filipe Varandas, que apanhei no ciclismo mas que vinha um pouco mais rápido. Optei por ir com ele num ritmo que também era cómodo para mim e assim pude desfrutar daqueles quilómetros com companhia e conversa.


No início de cada volta, sentia mais dificuldades a aguentar o seu ritmo e nos finais, parecia ser ele a ter que me seguir. De qualquer forma, um ia puxando pelo outro e conseguimos certamente melhores resultados do que fazendo todo o percurso sozinho. Para além disso, como já tinha feito vários triatlos nessa distância ia-me dando conselhos.
Na primeira volta andámos geralmente entre os 5:00/km e os 5:10/km, na segunda já fizemos parciais mais altos, até um máximo de 5:25 e na terceira já estivemos perto do 5:30.
Apesar do ritmo diminuir, não me sentia a sofrer, era algum cansaço que se ia acumulando mas longe de ser uma quebra. E o Varandas bem me disse que a terceira volta era a mais importante, pois já havia cansaço e a meta ainda não estava à vista. Controlámos o ritmo bem e, a minha outra referência, o Jorge Carneiro mantinha-se mais ou menos à mesma distância. Sendo ele geralmente bem melhor que eu a correr, significava que eu estava bastante bem naquele segmento.


No final da terceira volta o Varandas teve que ir a um WC natural e disse para eu seguir a minha vida. E lá fui, sabendo que faltava pouco mais de 5km. Quando passo junto à meta na última volta vejo que estamos com 5h04m de corrida, ou seja, que ainda tinha algumas hipóteses de fazer abaixo das 5h30m e atingir um tempo Like a Boss. Foi nessa altura que decidi arriscar, aumentar o ritmo, aproximar a frequência cardíaca dos 180bpm e tentar fazer os 5 kms que faltavam perto dos 5:00/km.


Ainda consegui fazer um quilómetro em 5:11, mas a partir daí começaram a faltar pernas. Os meus músculos já não permitiam uma aventura tão grande. Acabei por pagar um pouco nos últimos dois quilómetros (5:56 e 5:50), mas nada de muito sofrimento, apenas deixei que a máquina ditasse o ritmo. No final, um tempo de 1:52:47, ou seja, um ritmo médio de 5:22, nada mau, para quem queria fazer duas horas. Aliás, nas 5 meias-maratonas que fiz este foi o 3º melhor resultado e em nenhuma das anteriores tinha pedalado 90km e nadado 1,9km antes. Foi o meu melhor sector (221º) mas muito próximo do nível da natação.


Lisboa International Triathlon (3ª Parte)


Ciclismo



Sabia, de tudo o que li e do que me disseram, que neste segmento teria que ter alguma calma. Se puxasse demasiado iria pagar na corrida, por isso, mais do que pensar na média de 30km/h, pensei nas pulsações. Apontar para um valor entre 70% e 80% e evitar passar os 85%. Claro que as percentagens são um pouco relativas, já que nunca fiz nenhum exame para ver qual a minha frequência cardíaca máxima, e ela situa-se um pouco acima da fórmula 220-idade. Por isso, apontei para algo entre os 140bpm e os 160bpm, já que nessa zona me sinto confortável e claramente abaixo do limiar anaeróbio.
Esse valor permitia-me rolar acima dos 30km/h nas zonas planas. No entanto, o percurso não era propriamente plano, com algum sobe e desce e uma subida junto ao retorno algo dura. Em muitas zonas sentia-se vento lateral e, no regresso ele apresentava-se de frente. Não era, por isso, um percurso propício a manter a mesma cadência, mas também assim tem mais piada, e exige muito mais o uso da cabeça (mas não da mesma forma que usei com o Vasco).
Logo ao início fui apanhado pelo Jorge Carneiro. É certo que gostamos de competir um com o outro, mas ali a coisa era diferença e companhia para o resto da prova era muito melhor do que pedalar sozinho. Andamos algum tempo lado a lado, cumprindo as regras, e fizemos a primeira subida juntos. Confesso que fiquei algo surpreendido e, embora tenha feito essa subida na pedaleira grande, percebi que nas outras voltas teria que ir com mais calma e levantar um pouco o pé (no sentido figurado, porque levantar e baixar pés foi o que mais fiz naqueles 90km). Foi o único local onde subi até aos 180bpm.
No regresso desci sem medos (era um auto-estrada) e nas zonas mais planas o Jorge começava a ficar para trás, ainda tentei puxar por ele, mas quis seguir no seu ritmo e fez bem. Mesmo com a subida, a média mantinha-se algo acima dos 30 km/h, mas a maior surpresa surgiu no retorno. Para uma média de 30km/h devia passar aos 45 minutos, mas passei aos 42:30, ou seja, a ganhar 2:30. Não sei o que estará correcto, mas no final de cada volta o meu GPS marcava menos um quilómetro do que o suposto, pelo que a distância final marcada foi de 86,51 km e não os 90km prometidos.
Quando me cruzo pelo Jorge já tinha ganho uns bons 2 minutos e percebo que vou ter alguns companheiros de circunstância. Nunca se formou nenhum grupo, nem ninguém andou na roda, mas lá à frente via ciclistas que ganhavam ou perdiam tempo em função da dificuldade do percurso.
Volta e meia era ultrapassado pelos Ferraris que pontuavam este segmento. É certo que a minha bicicleta comprada ao Boavista com quadro em carbono e sistemas Dura Ace não é má de todo, mas quando era passado por aviões de contra-relógio percebi que nestas provas o dinheiro pode fazer alguma diferença.
Quanto à alimentação, não tinha grandes objetivos, ia decidir na hora o que melhor fazer, já que não há grande literatura na net sobre nutrição em triatlos com estas distâncias. Levava três embalagens de gel na bicicleta e tinha deixado outras três na transição. Prefiro o gel às barras, já que não tenho que mastigar e os que uso têm um sabor que me agrada (embora não tenha testado muitos).

Então, a opção foi a seguinte:

1º Gel: Primeira volta após a subida
2º Gel: Terceira volta antes da subida
3º Gel: Quarta volta antes da subida

Confesso que tive alguns sintomas de fome na segunda volta, mas geri bem o esforço para ter gel nos momentos mais preciosos (não quebrar no final do ciclismo). Nessa altura optei pela bebida energética que levava no bidão. Quanto às bebidas, levei dois bidões, um com água e outro com bebida energética e chegaram perfeitamente, não precisando de utilizar o abastecimento da organização.
Não quis exagerar no gel pois, segundo o que está escrito no rótulo, só aconselhavam a tomar 4 por dia, e não iria gastar todos no ciclismo, portanto três chegaram para ter um pouco de fome em certas alturas (talvez devesse reforçar o pequeno-almoço) mas nunca aquela sensação de fraqueza.
Com o passar dos quilómetros e com as subidas a moerem-me um pouco, fui diminuindo o ritmo, mantendo a pulsação. Conseguia andar mais depressa mas o pensamento estava na corrida e não queria desgastar-me demasiado.
No entanto, na última volta, uma fita autocolante ficou presa no quadro a bater na roda e fazendo algum barulho. Nessa altura abrandei e demorei alguns minutos a perceber o que era. Quando percebi, decidi que deveria parar no cimo da subida para retirá-la sem perder ritmo, só que, logo depois, uma nova fita autocolante prende-se, desta vez na roda da frente e tive mesmo que parar ali, na base da subida para me ver livre dos objetos estranhos. Foi algum tempo perdido (cerca de 50 segundos) e, sobretudo, o terminar abrupto de um ritmo que vinha mantendo desde o último retorno.
Os últimos troços de 5km já foram abaixo dos 30km/h e a média total no GPS ficou-se pelos 29,5 km/h, para os tais 86,5 km. O tempo final foi 2:55:52, bem abaixo das três horas, mas a classificação (262º) revela que este foi o meu pior segmento.



2ª Transição

A 2ª Transição já foi mais rápida, mas sem perder o espírito. Nada de muitas acelerações e tempo para baixar os batimentos cardíacos. Ainda pude beber um pouco de água, tomar um gel e seguir para a prova. Desta vez, com meias calçadas.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Lisboa International Triathlon (2ª Parte)

Natação (1900m)



 
Às 8 da manhã a água está fria. Numa prova de mais de 5 horas, há muito tempo para aquecer. Por isso, não me pus a nadar antes do tempo e fiz exercícios de aquecimento fora de água. Talvez não tenha sido a opção ideal mas foi o que achei melhor naquela altura.
Com quase 400 nadadores (contando com o Vasco), esta foi provavelmente a prova com mais mamíferos dentro de água em que participei, e isso sentiu-se um pouco, apesar de todos circularem a uma velocidade inferior ao habitual.
No início senti bastantes encontrões e, na primeira vez que contornamos o oceanário, o  nadador que se encontrava no meu lado direito em lugar de pôr a mão na água a cada braçada ia batendo na minha cabeça. Ainda bem que ao fim de uns dez socos lá nos separámos e cada um seguiu o seu caminho.
Pus o meu relógio a vibrar a cada 9 minutos (9 por ser 36 a dividir por 4 e 36 seria um tempo Like a Boss) e a coisa estava controlada. Primeira vibração mais ou menos a meio do percurso, segunda vibração quase no final da primeira volta, terceira vibração novamente perto de metade do percurso, mas um pouco antes.
Foi logo a seguir que dei de caras, literalmente com o Vasco, a mascote do oceanário.


O Vasco encontrava-se a meio do percurso, e quando ia a nadar, não olhei para a frente e dei uma valente cabeçada no miúdo. Eu até vi estrelas, mas o Vasco ficou na mesma, quieto, como se estivesse preso ao fundo do cais. Parei um pouco, descolei os óculos da cara e voltei a nadar. Neste último troço também senti algumas dores musculares no braço direito. Ainda não percebi a razão, já que não fiz nenhuma caminhada a fazer o pino. Quanto muito foi de arrastar malas e bicicletas de um lado para o outro.


No final desorientei-me um bocado e tive que corrigir a trajetória para apanhar a última bóia. Talvez esta segunda volta não tenha sido tão rápida mas o tempo global foi aceitável, dentro do que tinha previsto. Obviamente que depois dos 13:33 em Quarteira alimentava a esperança de andar a menos de 2min/100m, mas a poupança, o trânsito e o Vasco impediram-me. O tempo de 38:08 na saída da água fica para a minha História. Foi o 227º tempo entre 378 nadadores, nada mau.



1ª Transição

Tudo nas calmas, literalmente . Não saí da água a correr desalmadamente, preocupei-me em tirar a parte de cima do fato e só depois comecei a correr devagar, até porque o chão magoava-me os pés (por baixo do tapete eram paralelos). No meu posto, tirei o resto do fato nas calmas, bebi um pouco de água para tirar o sal da boca e peguei calmamente na bicicleta para começar o sector seguinte. Com esta calma toda, consegui baixar as pulsações para um ritmo aceitável, em vez de começar um novo esforço com o coração lá em cima, e isso foi fundamental. O tempo total foi bastante 3:35 mas, além de refletir a calma, reflete 400m entre a linha de água e o local de saída. O registo está aqui.

Lisboa International Triathlon (1ª Parte)

Em vez de um mega post, decidi dividir isto em fascículos diários. Hoje vou começar pelo pré-prova. Depois seguir-se-ão os diferentes sectores e, por fim, o pós-prova.

Antes da Prova
Esta foi a primeira grande prova da temporada. Desde Dezembro do ano passado que comecei a fazer treinos específicos para me iniciar na distância Half-Ironman (1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida).
Os objetivos estavam traçados:

1º Objetivo: Acabar (Bom)
2º Objetivo: Menos de 6 horas (Muito Bom)
3º Objetivo: Menos de 5h50m (Excelente)
4º Objetivo: Menos de 5h40m (Extraordinário)
5º Objetivo: Menos de 5h30m (Like a Boss)

Portanto, acima de tudo controlar, manter-me na zona de conforto (como me lembrou e bem o Pedro Pinheiro no início da prova), ou seja entre os 70% e os 80% da frequência cardíaca máxima. Era esse o principal objetivo até ao final da terceira volta de corrida. Se me sentisse bem, arriscaria um pouco mais na última volta do último segmento. Claro que também tinha os meus tempos de referência, mas isso era apenas para dizer à família mais ou menos a que hora devia chegar e não objetivos primordiais. Estes tempos seriam:

38 minutos de natação
3:00 de ciclismo
2:00 de corrida
5:00 para ambas as transições.

Isto daria à volta de 5:45 (um pouco menos), ou seja, um tempo excelente.

A semana da prova:
Trabalhei no dia 25 de Abril e passei esse feriado para esta segunda-feira, assim, com três dias de férias fiquei com uma semana inteira para descansar, fazer as coisas com calma e, quem sabe, treinar natação e corrida no local da prova. Segui para Lisboa na terça-feira, também com o intuito de fazer algum turismo, já que as minhas passagens pela capital são sempre muito fugazes.
Não se pode dizer que tenha descansado muito nesses dias. Confesso que sou um turista que gosta de ver tudo e mais alguma coisa e, só na quarta-feira andamos mais de 20km a pé, segundo o meu Garmin (coitada da Leonor), ou seja, uma meia-maratona já estava nas pernas.


Find more in Lisbon

Claro que ao fim do dia estávamos de rastos e no dia seguinte, apesar de não ter sido uma dose semelhante, também caminhámos imenso na zona de Belém, do Palácio à Torre, mais o pára-arranca nos Jerónimos, Museu Berardo, Museu dos Coches e na Torre. O que vale é que aqueles dois pastéis quentinhos deram a energia suficiente para me manter vivo.
Com tanto treino de caminhada, era melhor esquecer a corrida, mas na véspera fui com o Emanuel Matos, do meu clube, dar uma volta ao percurso de natação. Tudo muito nas calmas, para desfrutar algo que não sentiria na prova. À tarde, nova caminhada pelo Oceanário, onde pude conhecer pessoalmente o Vasco, a mascote lá do estabelecimento.

 

Ou seja, pouco descanso, e por minha culpa. Ok, também um pouco de culpa da criançada da Pousada de Juventude que chegou às duas da manhã aos berros na noite de quinta para sexta.

O dia da prova
Prova às 8:00 significa despertador às 5:50. Sim, porque convém comer bem e fazer a digestão antes da prova iniciar. Comer bem, ou melhor. Uma sande de pão integral com queijo, uns mini-croissants, água e bebida energética. Nada de especial, mas o mínimo para me sentir bem. Seguiu-se o pedalar até ao local de partida.
Infelizmente, ao contrário do previsto, a transição não foi no Pavilhão Atlântico mas na rua, por isso tivemos que preparar tudo no próprio dia. Apesar disso, como estava perto e independente do carro, fiz tudo nas calmas e ainda pude sentar-me a descansar as pernas das caminhadas anteriores e falar com a malta porreira que costumo encontrar nas provas de triatlo.